Considere aqui o sistema S inicial das siglas: Serviço Nacional de Aprendizagem da Industria (Senai) e Serviço Nacional de aprendizagem do Comércio (Senac) que, como diz o nome aprendizagem, limita a faixa dos 14 aos 17 anos, já que antes não podem ingressar neste tipo de aprendizagem conforme regulamenta a CLT.
A contribuição para manutenção destas atividades são encargos sociais das empresas, que muitas vezes não se beneficiam de seus serviços de aprendizagem, foco principal das instituições. Com o sucesso nos anos 1960 surgiram outros serviços como o Sesi, Sesc, Sebrae, etc., cujos funcionários atuam de forma semelhante aos burocratas do serviço público.
Assim, recebem os recursos mensalmente ‘caídos do céu’, por ser uma contribuição obrigatória das empresas, e elevam o custo Brasil. Mas, não se vê uma completa atualização de seus conteúdos de formação. Se ao menos tivessem salas que comportassem todos os jovens em idade de aprendizado, retirando-os das ruas e de práticas ilícitas, poderíamos dizer que fazem jus ao nome S de serviço, sociedade e social.
Mas as entidades mantenedoras deste “serviço S” também arrecadam outra contribuição – a sindical. E até fazem convocações em jornais de grande circulação, como ocorreu durante os dias 13, 14 e 15 de dezembro, com anúncios de página inteira quando o mesmo poderia ser feito, em tamanho menor, entregando as notificações sob protocolo nos mais de 40 sindicados instalados na sede da Fiesp na avenida Paulista, 1313.
As contribuições compulsórias recolhidas pelas empresas atingiram R$17,2 bilhões em 2015. Até o Tribunal de Contas da União questiona a falta de transparência destas entidades que não divulgam o detalhamento de despesas, demonstrações contábeis etc.
Estamos em época de contenção de qualquer tipo de despesa, com fuga dos empregos da indústria e comércio para os serviços, mas a miopia de muitos dirigentes impede que enxerguem essa realidade, enquanto ainda propagam em canais abertos de televisão uma publicidade de caráter eleitoreiro.
É hora de agregar valor a todos e em tudo e não aproveitar-se dos benefícios de uma retrógada CLT.
E ainda oferecem uma concorrência predatória com preços prostituídos, serviços de assessoria e treinamento que tem a intenção de competir com a iniciativa privada onde profissionais investem recursos pesados para manterem-se atualizados. Já é tempo de criar uma PEC realinhando os objetivos de tais “serviços S”.
*Reinaldo A. Moura é engenheiro e mestre em Ciências e Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, fundador do Grupo IMAM, entidade dedicada ao treinamento de curta duração, e instrutor do Senai nos anos 1960/70